Vós, palavras, de pé, sigam-me!
e se já fomos longe,
longe de mais, ainda se vai
mais longe, para fim nenhum.
Não clareia.
A palavra
só irá
arrastar consigo outras palavras,
a frase frases.
O mundo bem queria
definitivamente
impôr-se,
estar já dito.
Não o digam.
Palavras, sigam-me!
Para que nada seja definitivo
- nem esta ânsia de palavras
nem o dito e o contradito!
Por um momento não deixem
falar nem um sentimento,
que seja outro o exercício
do músculo coração.
Não deixem, digo-vos, não deixem!
E ao mais alto ouvido
nada, digo-vos, pode ser sussurrado,
que nada te ocorra sobre a morte,
deixa, e segue-me e sem clemências
nem amarguras
sem compaixão
não sinalizando
e não desprovida de sinais -
Uma coisa é que não: a imagem
na teia do pó, cascalho oco
de sílabas, palavras de morte.
Nem uma palavra de morte,
vós, palavras!
Ingeborg Bachmann
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